quinta-feira, 10 de junho de 2004

P1091 - Quando chegamos ao cume!

Após três tentativas frustradas de conquista do P1091, nossa expedição formada por Andrea, Fabio, Jamal, Carla e Sonia, conseguiu atingir o cume da montanha.


Saímos na quinta-feira (10/06/04) de Brasília aproximadamente 9h30min da manhã. Como tínhamos um feriado pela frente, não nos apressamos muito. Seguimos até Teresina de Goiás e de lá mais aproximadamente 14 km até a entrada da fazenda onde começa a estrada para o Vão do Almas. A estrada até a fazenda Caldas (onde deixamos os carros) foi reparada e o Gol da Carla passou tranqüilamente. Assim, deixamos os carros (um Vitara e o Gol) no início da subida da Serra da Boa Vista e, já eram mais ou menos 16h30min quando começamos a caminhada. Encontramos alguns calungas e eles nos disseram que o P1091 é chamado Morro do Moleque. Para nós, continuou sendo P1091, já que existe o Morro do Moleque do Vão do Moleque também na região dos Calunga.


Decidimos dormir no ranchão dos calungas na primeira noite. Foi tudo de bom! Céu super estrelado refletindo nas águas calmas do rio Almas, bate papo e descanso para o próximo dia.


Acordamos 6h00min na sexta-feira. Seguindo os waypoints da Ritinha, atravessamos o rio Almas no final da estrada (a água não passava do meio de nossas pernas).Caminhamos inicialmente por um terreno praticamente plano coberto por gramíneas e alguns arbustos (campo sujo) e depois por uma seqüência de morrinhos até atingir um curso d’água afluente do rio Almas. Nesse trecho, desviamos do tracklog da Ritinha e decidimos acampar próximo ao rio onde tinha um pocinho legal para tomar banho.


Eram 12h30min quando começamos nossa aproximação para a base do P1091. Em linha reta, estávamos a 1,3km de lá. Nesse trecho, há diversas trilhas de circulação dos calungas mas nenhuma seguia diretamente para a montanha. Depois de 40 minutos, estávamos na base. Parecia tão perto e ao mesmo tempo tão longe... A visão da montanha de perto revelava nossa via, a Diretíssima do P1091. A estratégia seria seguir pela crista da frente e atacar a parte mais alta da montanha diretamente. Apesar da vontade de tentar a investida ao cume no mesmo dia, depois de algumas divergências, achamos melhor descansar e fazer uma escalada alpina. Ou seja, acordar de madrugada e ter tempo suficiente para a subida. Passamos o resto do dia tomando banho de rio, arrumando nossas mochilas e planejando o ataque ao cume.


Como combinado, acordamos às 4h00min da madruga e às 5h07min iniciamos a caminhada de aproximação. 5h54min estávamos na base e agora era só “arriba”, “arriba”! A subida começa com uma inclinação de uns 30º que logo aumenta para aproximadamente 45º e depois para uns 55º no trecho final até a parte rochosa. A medida que subíamos, o cume nos revelava surpresas. Avistamos uma fenda larga que separava o cume principal de um cume secundário. Não há trilhas. Todo o caminho é formado por pedras de variados tamanhos encaixadas superficialmente na terra mas que rolavam com facilidade quando pisamos nelas. Além disso, há muitas canelas de ema e, a cada vez que escorregávamos, ganhávamos alguns espinhos que incomodavam um pouco. Para alcançar a fenda (parte rochosa), subimos por uma crista na lateral esquerda que aparentemente era mais suave mas também era pirambeira total.


A fenda final era larga e arborizada. Escalaminhamos uma via de 2º grau de pedras soltas, bastante mato e médio grau de exposição. Enfim atingimos a rocha. Humm.... escalada! Oba! Encontramos uma via de 3º grau com passagens de 5º grau. O Fabio seguiu guiando numa via relativamente bem protegida. As proteções foram feitas com friends e fitas em uma árvore. Utilizamos a corda dupla de 50m que permitiu escalar duas pessoas na mesma corda agilizando a subida. Para animar os caminhantes que não escalam, só eu e o Fábio somos escaladores do grupo todo. Jamal, Carla e Sonia subiram de bota, carregando mochilas e foi mole, mole!


A escalada em rocha ainda não nos levara ao cume. Subimos por um trecho de mato mais uns 20 metros até realmente alcançar “la cumbre”. Ele é composto por pedras de tamanhos variados e arbustos de cerrado. Não há áreas planas para acampar. Passamos uma hora no cume. A vista é maravilhosa! Não conseguimos ver o Dedo do Moleque mas acho que avistamos a cachoeira da Capivara. Fizemos um totem e deixamos o livro de cume devidamente embalado para o registro de próximas expedições. Paz, harmonia e felicidade! Tudo de bom! Testamos o celular e, funciona! Tem sinal! Ligamos para a Ritinha e para o David.


Antes de comemorar o sucesso da expedição faltava um mero detalhe: a descida até a base. A conquista de uma montanha só vale mesmo se a equipe voltar sã e salva. Descemos por um trecho diferente da subida mas na mesma direção onde encontramos uma árvore resistente para ancorar nosso rapel. Fizemos três rapeis até a fenda. Na descida, decidimos rapelar na parte mais exposta onde subimos escalaminhando solo. Essa estória de que pra baixo todo santo ajuda, humm....., não é bem assim não. Foi dureza a trilha para baixo mas, entre escorregões e espinhos de canela de ema, salvaram-se todos. Chegamos ao acampamento base às 18h15min.


Reunindo as últimas forças que nos restavam, desarmamos o acampamento, arrumados as mochilas e decidimos iniciar o retorno. A volta no escuro foi muito complicada. Duas pessoas estavam com as lanternas quebradas e uma acabou se machucando ao tropeçar em uma pedra. Apesar do cansaço de todos, conseguimos chegar ao lugar de travessia do rio Almas onde dormimos na praia de areia.



Nascer do sol no P1091

Jamal inspirado...

Rumo ao cume

Descanso e contemplação do visual do Vão do Almas no amanhecer - lindo!

Aproximação do trecho rochoso

Cume do P1091

Relato elaborado por: Andrea Zimmermann
Fotos: Jamal ...

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